O convite de desenvolver um projeto de caricaturas que seriam transformadas em um conjunto escultórico me encheu de entusiasmo. Uma possibilidade de unir duas das minhas maiores preferências artísticas: o desenho de humor e o ofício de desenvolver projetos de carnaval. A proposta, feita pelo carnavalesco Fábio Ricardo, consistia em desenvolver um divertido conjunto de esculturas que retratassem personagens consagrados da teledramaturgia brasileira a fim de compor a cenografia da alegoria que encerraria o desfile desenvolvido pelo artista para a São Clemente.
Para uma agremiação cujo a "marca" é a irreverência, um expressivo conjunto de caricaturas "cairia como uma luva" para reforçar uma visão plástica associada ao bom humor.
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Fábio Ricardo: Generosidade criativa e inteligência plástica. |
Após a seleção das imagens dos atores e atrizes escolhidos pelo carnavalesco - cerca de trinta nomes de personagens de diferentes épocas e novelas - o trabalho começou a ganhar corpo a partir de esboços simples que buscavam a unidade estética do conjunto, captar a forma essencial, retratar expressões, e traçar um perfil divertido dos ícones da TV.
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Os rascunhos iniciais que direcionaram o projeto. |
Em tempo, um painel bem humorado começou a direcionar uma harmoniosa disposição de desenhos que deveriam ganhar a tri-dimensão e ocupar o espaço quase que total de uma alegoria com cerca de doze metros de comprimento. A partir do projeto artístico, decidiu-se a disposição das esculturas, a dimensão que ocupariam e o conjunto cromático mais adequado para harmonizar personagens distintos. Concluído o minucioso estudo das caricaturas, os desenhos passaram a ser agrupados a fim de direcionarem a intenção de um conjunto escultórico que atendesse as necessidades plásticas de uma alegoria.
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No papel, personagens marcantes da teledramaturgia nacional. |
Encerrada a fase dos desenhos, o projeto foi entregue ao escultor Flávio Polycarpo, a quem foi dada a tarefa de transformar os perfis desenhados em esculturas. Para a execução da obra, foi utilizada a mais tradicional maneira de esculpir carnaval: talento e isopor. Assim, durante semanas, os personagens inicialmente desenhados, passaram a ocupar o espaço físico do quarto andar do Barracão de alegorias da Escola.
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Esculturas desenvolvidas no isopor por Flávio Polycarpo. |
Dando continuidade ao trabalho que antecede o desfile, as esculturas passaram pelas mãos de profissionais de outras áreas da produção carnavalesca - que incluíram processos fundamentais como laminação, pintura, forração e decoração - até que a conclusão final pudesse ser apreciada pelo público. Nas imagens que seguem, mais detalhes do elogiado conjunto escultórico, e o registro de sua conclusão, no desfile oficial realizado pela Escola, no último carnaval.